Pouco tempo após o fatídico 28 de agosto de 2009, data que decretou o fim do Oasis, Liam Gallagher veio a público para soltar a notícia: a banda continuaria seu caminho mesmo sem Noel Gallagher, considerado a mente criativa do Oasis. Surgia então o Beady Eye e uma das principais dúvidas que pairaram na cabeça dos fãs foi: e agora?
É notório que Noel Gallagher poderia fazer falta especialmente por suas composições. Considerado um dos maiores compositores de sua geração, Noel preferiu abandonar o barco e seguir em carreira solo – seu primeiro trabalho é esperado para outubro – e, a partir de então, os fãs de Oasis passaram a apostar suas fichas em Andy Bell, personagem de destaque da música britânica dos anos 90 com a banda Ride e que, no Oasis, tinha seu talento restrito ao Baixo e a poucas composições nos álbuns, o que era uma constante reclamação dos fãs.
“Nunca fiquei infeliz no Oasis. Eu curtia ser, tipo, um dos caras. Mas agora, sem o Noel, nós temos uma nova banda e certamente é ótimo poder contribuir mais”, concorda o próprio Andy Bell, em entrevista exclusiva ao Oasis News.
Desde que caiu nas mãos dos fãs em fevereiro, as composições de Andy Bell em “Different Gear, Still Speeding” têm sido constantemente elogiadas. Bell contribuiu com as canções consideradas “pontos altos” do álbum. São elas “Four Letter Word”, “Millionaire”, “Kill For a Dream” e “The Beat Goes On”, esta última, com ares de transição entre o fim do Oasis e o começo do Beady Eye. “Costumo escrever letras durante um longo período, um pedacinho aqui, outro ali, e parte delas certamente foi antes disso. Outras coisas aconteceram, mas é mais ou menos isso”, disse o agora guitarrista.
Uma das virtudes que prima o Beady Eye é a energia de seus integrantes. “Different Gear, Still Speeding” foi um dos 5 álbuns mais vendidos do mundo em sua semana de lançamento, a banda tem datas esgotadas na Europa, América do Norte e Japão, mas nem o êxito repentino do aclamado álbum de estreia faz com que o grupo se acomode.
Em recentes entrevistas, Liam Gallagher disse que a intenção da banda é não demorar a lançar um segundo álbum (no Oasis, a média da última década era de 3 em 3 anos). Andy Bell endossa a fala do vocalista e informa que um segundo trabalho já está sendo planejado. “Pra nós já é uma pausa gravar um álbum. Claro que não dá pra ir direito para uma gravação, mas assim que acabar a tour vamos gravar umas demos da mesma maneira que fizemos com esse. Vocês não terão um novo álbum instantaneamente, mas começaremos a trabalhar imediatamente, sabe?”.
No próximo dia 2 de maio, o Beady Eye lança seu (oficialmente) 2º single, “Millionaire”, música de autoria de Andy Bell e que já possui clipe sendo veiculado na TV. Para Andy, este não será apenas o 2º single, já que o grupo lançou teasers no final do ano passado (Bring The Light e Four Letter Word). “Eu ainda acho que as três primeiras músicas eram singles, mas daí alguém chegou e me disse “o primeiro single será The Roller” hahaha! Eu nem sei mais o que significa um single. Se nós vamos vender, eventualmente, pra mim isso é um single. Na minha cabeça temos três singles até agora, e vamos continuar lançando outras faixas”, disse Andy, que informou também que a banda lançará mais músicas lado b: “Cada vez que vamos para a rádio, vamos lançar a faixa com b-sides. Temos dois b-sides já prontos para lançar. Mais dois singles”, informou, referindo-se a “Millionaire” e outro single posterior.
Uma das grandes mudanças da passagem do Oasis para o Beady Eye é que, teoricamente, a banda não tem um líder. Na época de Noel, todas as decisões passavam por ele, especialmente a da montagem da tracklist dos álbuns, fato que sempre causou alguma divisão entre os fãs, já que ótimas músicas como “Shoud it out loud” e “Let’s All Make Believe”, por exemplo, foram deslocadas como b-sides. “Sim, era basicamente isso sim”, reconhece Bell, que pontua a diferença básica que existe hoje no Beady Eye. “Construímos o álbum e o setlist ao mesmo tempo. Não estamos tocando nada de Oasis, mesmo quando estávamos gravando sabíamos que seria assim. E tudo tem que soar bem ao vivo. E eu acho que isso influencia como a gente soa no álbum, me parece que soa com muito mais energia, tá entendendo? É um álbum feito para tocar ao vivo, porque a gente sabia que ele seria o nosso set inteiro”.
A opção por não executar músicas do Oasis (das autorias de Liam, Gem e do próprio Andy) foi tomada desde o início. “Nós nunca consideramos isso porque Oasis era Noel e Liam juntos. Então se não vai ter Noel, não é Oasis, não são músicas do Oasis, não é o nome Oasis. É pelo nosso respeito a isso que não vamos tocar”, frisou.
Todas as músicas do álbum têm sido tocadas durante os shows da turnê, que começou em março. As apresentações têm duração média de 70 minutos e vêm sendo ensaiadas desde 2010. “Nós ensaiamos todos os dias, estamos ensaiando há meses. Eu tava ensaiando agora mesmo. E estamos tocando tudo o que temos, algo como 16 músicas. Temos um set, mas a gente ensaia mais sons para se for o caso de tentar algo diferente no último minuto”, diz Andy, que informa que podem ocorrer algumas alterações de um show para outro: “A gente tá na pilha de tocar tudo o que temos, mas como não dá pra tocar tudo em uma noite, a idéia é trocar algumas no set em diferentes noites. Tem sido legal. Acho que se você for fã, tem que comprar ingressos para mais shows e ver todas as músicas que temos”.
Além de se apresentar com a banda, é até certo ponto comum ver Andy Bell dando uma de DJ em festas como as de Alan McGee e da Pretty Green. Recentemente, ele publicou um set de 40 minutos intitulado “Radio Cadaqués” com as músicas que certa vez ouviu no trajeto entre Cadaqués e Figuerés, cidades espanholas que são tema da composição de “Millionaire”.
Bell diz que o gosto por discotecar é apenas um hobby. “A real é que eu não sou muito bom nisso (discotecar). Eu gravei uns CDs com alguns sets, aquelas músicas que você escuta antes do show começar. Não temos grana para levar um DJ na turnê por enquanto, estamos bem no início. Na real é algo que eu faço mais pros amigos. Se um amigo me liga e convida pra tocar, eu vou na boa”.
Já que o papo caiu em “shows”, a pergunta óbvia não poderia ficar de fora. Alguns dos últimos shows do Oasis na tour de 2009 foram na América do Sul, quatro deles no Brasil. Andy relembra com carinho a passagem do grupo pelo país. “Amamos ir para o Brasil, é um dos nossos lugares favoritos de tocar. Sim, foi lindo. Tipo… É um lugar ótimo pra tocar, a gente ama. E temos que voltar”.
Se depender da vontade dele e seus companheiros de banda, o Beady Eye virá à América do Sul ainda nesta turnê. “Certamente é algo que a gente quer fazer, mas eu não sei ao certo se já está na rota da agenda. A gente quer tocar em todo lugar que puder. Acho que por enquanto é só UK, EUA e Japão. América do Sul acho que ainda não, mas eu realmente espero que sim”.
Se vem para shows ou não, Andy Bell está propenso a aceitar nosso convite para, em suas próximas férias, trocar o tradicional Lago Como (Itália) por uma de nossas praias. “É uma boa, vou fazer isso”, prometeu, em meio à gargalhadas.
Thx @ Geraldo Figueras / Ray McCarville / Ignition
ESTREVISTA E MATÉRIA RETIRADA DO SITE: http://oasisnews.com.br
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